quinta-feira, 31 de março de 2011

Quinta, 31

Que bom, hoje é quinta... Meu final de semana está começando. Infelizmente o trabalho também está só começando. É isso mesmo, professor trabalha no fim de semana, na madrugada, ou em qualquer intervalo que seja possível ler alguma coisa, corrigir alguma coisa ou até mesmo buscar algo novo que possa servir para os alunos. Árdua tarefa. Hoje fui perguntado se um professor tem preferência por esse ou por aquele aluno. Torno esta resposta pública: Professor é ser humano. Se jurasse que não, estaria mentindo. Mas vejamos por outro lado, não que exista aluno preferido, mas professor também gosta de ser bem tratado, é, no meu caso, existe reciprocidade, se me tratam bem, certamente tratarei o indivíduo melhor ainda, caso eu seja mal tratado, não que minha relação com este seja ruim, mas o tratamento será somente como manda minha boa educação, nada além. Nós professores temos a iniciativa de conversar mais, brincar mais, nos relacionarmos mais com aqueles alunos que gostam (ou fingem gostar) da gente ou de estudar, que de alguma forma mostrem algum interesse pelo que ensinamos. Então, agora que já sabem o segredo... O que acha de fazer parte do clube!
Tenho muito trabalho para este fim de semana, muitas provas para corrigir. Espero força vinda do céu para suportar a carga pesada que tenho para carregar... Dramático! Na verdade, a maior dificuldade é  ter bom humor para ler as respostas que, às vezes, muito às vezes (rsrsr), não correspondem com o que ensinei. Grande abraço e... "Balance a cabeça, leitor!" Acorda para cuspir que já está babando no travesseiro. 



quarta-feira, 30 de março de 2011

MEU RESPIRAR





Sem o meu Jesus eu não posso viver...
Ele é o meu respirar! 
Deus seja louvado pelo que Ele é, e por ter nos dado este presente, 
que é o melhor presente!
"Abaixe a cabeça, adorador!"

terça-feira, 29 de março de 2011

Será que pode piorar?

"Balance a cabeça, leitor!" Acorda para cuspir que já está babando no travesseiro.

Mulheres de Atenas

Avalie com atenção, carinho, amor e respeito. Espero que seja perceptivo para com a crítica do gênio Chico Buarque. Grande abraço e... "Balance a cabeça, leitor!" Acorda para cuspir que já está babando no travesseiro. 

Escrever é preciso!

Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendendo o que quero dizer, entendendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são."
Clarice Lispector

A escrita é um ato difícil. Escritores, compositores, jornalistas, professores e todos os profissionais que têm na escrita um instrumento de trabalho em geral dizem que "suam a camisa" para redigir seus textos. Mas dizem também que a satisfação do texto pronto vale o esforço de produzi-lo.
Há muitas falsas ideias sobre a escrita.
Há quem pense que os que gostam de escrever têm o dom das palavras e que para estes as palavras "saem mais fácil". Não é verdade. Escrever não depende de dom, mas de empenho, dedicação, compromisso, seriedade, desejo e crença na possibilidade de ter algo a dizer que valia à pena. Escrever é um procedimento e, como tal, depende de exercitação: o talento da escrita nasce da frequência com que ela é experimentada.
Há quem pense que só os que gostam devem escrever. Não é verdade. Todos que têm algo dizer, que têm o que compartilhar, que precisam documentar o que vivem, que querem refletir sobre as coisas da vida e sobre o próprio trabalho, precisam escrever. Por isso, precisamos escrever: porque temos o que dizer, porque temos o que compartilhar, porque precisamos documentar o que vivemos e refletir sobre isso.
Se não aprendemos até hoje a ter intimidade e gosto por escrever, só nos resta dar a volta por cima, arregaçar as mangas e assumir os riscos: escrever é preciso!"
Luís Fernando Veríssimo, escritor talentoso, declara-se um gigolô das palavras e nos incentiva e aconselha:
“[...] a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis.
[...] Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover...)

[...] Minha implicância com a Gramática na certa se deve a minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas […] vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.

Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.”

Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas.. continuarei a escrever.”  Clarice Lispector


Coletânea de Textos – Módulo 1
Programa de Formação de Professores Alfabetizadores
Ministério da Educação – Secretaria de Educação Fundamental, 2001

Grande abraço e... "Balance a cabeça, leitor!" Acorda para cuspir que já está babando no travesseiro.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Manifesto Antroporevoltante

“Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.[...]

Perguntei a um homem o que era o Direito.

Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade.”

Mário de Andrade

Publicado na "Revista Antropofagia" (1928), Manifesto Antropofágico propunha: alimentar-se de tudo o que o estrangeiro trazia para o Brasil, sugar-lhe todas as ideias e uni-las às brasileiras, realizando assim uma produção artística e cultural rica, criativa, única e própria. Mas o que move este manifesto não é essa ideia de alimentar-se do estrangeiro, mas sim com relação ao escrito no original de Mário de Andrade quando o mesmo se refere ao direito que o ser humano tem e das possibilidades que o mesmo lhe sugere. Partindo desse pressuposto o manifesto que faço mostra a insatisfação de um professor quanto à postura do aluno e do sistema educacional vigente. Nunca pensei que um educador que é comprometido com a sua árdua tarefa pudesse estar propenso a ser tão humilhado a ponto de sentir o desejo de sair da sala de aula. O descrédito neste profissional que dedica o seu tempo a planejar, preparar, motivar, ensinar, corrigir, advogar, aconselhar e outras atribuições que desempenha sem, inclusive, ser pago por isso, mostra como é visto este indivíduo que é tão pouco respeitado pela grande maioria.
É até lugar-comum dizer que todas as profissões passam pelas mãos do professor. Nunca pensei que o desrespeito que a sociedade tem com os professores poderia se estender a até mesmo dentro do ambiente escolar, na nossa casa. Infelizmente, dessa forma, acaba-se perdendo a fé no homem. As escolas chinesas têm a particularidade de exigirem dos seus alunos um comportamento extremamente ordeiro. Por muito pouco uma aluno ou qualquer civil que faltar com o respeito com quem lhe ensina é punido severamente, podendo até perder o direito à educação. Citar esse exemplo pode até ser considerado piegas, mas no Brasil, como se tenta e na maioria das vezes não se consegue, talvez o que falte é realmente um discurso mais apelativo. Implorativo, eu diria.
O que antes víamos apenas pela TV se tornou comum na nossa cidade. É triste dizer que a escolar se tornou um campo de batalha. Esta luta não é apenas entre gangues rivais, nem tampouco contra o craque, a cocaína, a prostituição que têm perturbado nosso espaço. Mas muitas vezes é uma luta contra o próprio professor. Pessoas de má índole têm se levantado com agressões verbais e até físicas a esse profissional que busca trabalhar para a mudança de uma comunidade. A maioria dos outros profissionais recém formados pensam em mudar o mundo, com pouco tempo perdem essa ideia, pois se veem impotentes perante as situações. O professor é o único que não perde esse pensamento. Pois o dia em que perder, afasta-se da educação. Preocupo-me, pois já estou há nove anos no magistério, é um tempo razoável, porém é pouco pelo que ainda resta de trabalho. Apesar de que o professor quase nunca descansa, pois na maioria dos casos aposenta-se com doenças coronárias, problemas de coluna, calos nas cordas vocais ou com algum problema psicológico ou psiquiátrico. E acreditem, não é profecia.
Um recente estudo de um sindicato de professores brasileiros apresentou pesquisa inédita sobre os professores da rede pública e privada no Brasil.

(...) assédio moral [grifo nosso] como o fator que causa maior sofrimento e desgaste no seu trabalho. Quarenta e cinco por cento (45%) dos entrevistados referiu sofrer problemas de saúde física ou mental em decorrência do meio ambiente de trabalho. Setenta e oito por cento (78%) apontou o cansaço e o esgotamento, principalmente no início dos períodos letivos, finais de semestre e final do ano. Cinquenta e nove por cento (59%) referiram dificuldade para dormir. E, vinte por cento (20%) dos professores usam antidepressivo.
Trabalhar sentindo dor é considerado comum para oitenta e cinco por cento (85%) desses professores, que citaram dor de cabeça, braços, pés, pernas, ombros, costas e cordas vocais. Os problemas de saúde mais comum são: rouquidão e perda da voz (49%), tendinite e problemas nas articulações (44%), enxaquecas (33%), gastrites (27%), obesidade (23%), hipertensão (19%) e câncer (2%).
Deise Vilma Webber – Advogada do Sindicato dos Professores de Caxias do Sul - SINPRO
Disponível em: [link] Acesso em: 14 abril 2010.

Esses dados são alarmantes e preocupantes, mas mesmo assim, penso que este manifesto possa se perder no tempo. Pode ser comentado por alguns, ser motivo de revolta ainda maior para outros, pode servir até de chacota para alguns sem coração. É triste que muitos tenham se esquecido de como viver em sociedade. Que a interação, a experiência e o respeito são o maior aprendizado que podemos adquirir. O agressor que não leva em consideração que a boa educação não é virtude, mas sim uma obrigação, se esquece de que o direito e o dever estão numa linha muito tênue e que aquela ideia de que o meu direito termina quando começa o do outro não é arcaica nem tampouco retórica.

Escrevo não para que sintam compaixão dos professores, mas que sirva de reflexão. Na verdade encarem como queiram, pode ser até um desabafo frente aos últimos acontecimentos nos quais me senti lesado. Mas que acima de tudo seja mais um ensinamento. E depois, não digam que
não fiz a minha parte. Fim da lição!

segunda, 28

Acordei às 7h., cansado... Gustavo acordou várias vezes durante a noite. Não importa, tudo compensa quando ele sorri. Fui para o trabalho. Dia de prova no Porto. E para variar, começamos com a prova de Português e Literatura, ou seja, a minha. Prova grande (entre 6 e 8 páginas) para insatisfação dos meus queridos alunos. Mas faz parte, e entre reclamações e discussões, os fiz entender que é um mal, ou bem, necessário. No almoço, curti bons momentos com meu filhinho de quase 6 meses e com minha linda esposa, Elzani, que ainda está de licença maternidade e desempenha uma árdua função de cuidar do bebê, da casa, de mim e ainda faz curso de pós-graduação pelo IFES, em Gestão Pública. Quanto mais ela trabalha, mais admiro a força das mulheres... 14h50min. Já cheguei no outro trabalho, agora estou no Nagem Abikahir. Meus alunos da 6ª série/7º ano estão estudando sobre diários, e depois de intermináveis (rsrs) aulas falando sobre os escritos em caderninhos com cadeado e etc., estamos na sala de informática pesquisando sobre diários eletrônicos. Eles acompanham a construção deste, e com certeza aguardam ansiosamente pela primeira postagem. Sabendo que fazem parte deste momento e desta primeira publicação. Abraço e... "balance a cabeça leitor". Levanta para cuspir que já está babando no travesseiro.