terça-feira, 23 de agosto de 2011

Curso de Língua Portuguesa - DOCTUM Campus Iúna - Aula 1

1. Teoria da Comunicação
      2. Processos de Comunicação

Nenhum indivíduo é capaz de viver só, necessita de contato.
“Há muito se diz que o homem é um ser basicamente social e, para que a tarefa de socialização seja cumprida, é necessário que o homem utilize um instrumento que lhe proporcione a expressão de seus pensamentos, desejos, sentimentos e ideias.”

E para que serve a comunicação?
Serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia.

3. Elementos da Comunicação
Linguista francês Roman Jakobson.

REFERENTE
   CÓDIGO
EMISSOR      =>       MENSAGEM             =>       RECEPTOR
                                       CANAL
A)   SENSORIAL
B)   TECNOLÓGICO
           
            PROBLEMAS
Ruído: interferência indesejável:
Um borrão na mensagem escrita;
Uma sirene durante um diálogo;

Entropia: desorganização da mensagem
Menina vi uma eu.
“Distante no muito as estrelas límpido céu brilhavam divinamente.”

Redundância: repetição, objetivando clareza.
Aqui, neste lugar, onde tu te encontras com tua família, aconteceram fatos que mudaram o mundo.

4.Texto para as questões seguintes:

Comunicação

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?
___ Posso ajudá-lo, cavalheiro?
___ Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...
___ Pois não?
___ Um... como é mesmo o nome?
___ Sim?
___ Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.
___ Sim, senhor.
___ O senhor vai dar risadas quando souber.
___ Sim, senhor.
___ Olha, é pontuda, certo?
___ O quê, cavalheiro?
___ Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um..., um... uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?
___ Infelizmente, cavalheiro...
___ Ora, você sabe do que eu estou falando.
___ Estou me esforçando, mas...
___ Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?
___ Se o senhor diz, cavalheiro.
___ Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.
___ Sim, senhor. Pontudo numa ponta.
___ Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?
___ Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha pra nós?
___ Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho.
___ Sinto muito.
___ Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.
___ Eu não estou pensando nada, cavalheiro.
___ Chame o gerente.
___ Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer é feita do quê?
___ é de, sei lá. De metal.
___ Muito bem. De metal. Ela se move?
___ Bem... é mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.
___ Tem mais de uma peça? Já vem montado?
___ É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.
___ Francamente... 
___ Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.
___ Ah, tem clique. É elétrico.
___ Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.
___ Já sei!
___ Ótimo!
___ O senhor quer uma antena externa de televisão.
___ Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...
___ Tentemos por outro lado. Para que serve?
___ Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.
___ Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais  ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e...
___ Ma é isso! É isso! Um alfinete de segurança!
___ Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!
___ Mas é que eu sou um pouco expansivo. Me vê aí um... um.... Como é mesmo o nome?

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comunicação. In: Amor brasileiro. Rio de Janeiro, José Olympio, 1977. p.143-5

Análise textual e discussão de ideias.
a)    Com exceção do primeiro parágrafo, o restante do texto é um diálogo. Quais são as personagens que estão conversando?
b)    Qual é a grande dificuldade do comprador?
c)    Observe as falas transcritas abaixo:
            I “___ Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
II “___ Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo.”
           Quem pronuncia essas frases?
d)    Você concorda com o comprador quando ele afirma que não saber o nome da coisa é só um detalhe? Justifique sua resposta.
e)    Podemos afirmar que tanto o vendedor quanto o comprador não sabiam o gênero a que pertencia o objeto. Que falas nos permitem fazer essa afirmação?
f)     Que pedido do vendedor deixou o comprador bastante irritado?

5.    Interação da Comunicação
Signo linguístico
Processo simbólico e arbitrariedade do signo
Charles Morris diz que “signo é toda coisa que substitui outra”.
O signo é arbitrário pois para representar o animal “cão”, usa-se: cão, dog, cane, perro, chien, etc., porém não há nada no animal que se relacione com o signo verbal. É através do uso que essa representação vai se consagrar.


Codificar: Transformar num código conhecido, elaborar um sistema de signos;
Decodificar: Decifrar a mensagem;
Feedback: Resposta pela qual se sabe se a sua mensagem foi decodificada pelo receptor.
Conotação: Sentido Figurado
Denotação: Sentido Real


6. A Linguagem
Língua e Linguagem      


Todo ser humano ao nascer possui uma predisposição que faculta a aquisição da linguagem. Pois necessita se comunicar.
Quando um bebê sente algo (fome, sede, dor, etc.) ele sente a necessidade de se comunicar. Então a sua maneira diz para os adultos o que está sentindo.
A linguagem tem um lado social e um individual, sendo impossível dissociá-los.
A linguagem evolui.
O aprendizado da linguagem consiste na imitação, visto que sem o convívio social, a linguagem pode se atrofiar.


LÍNGUA: Língua é a forma em que a linguagem se apresenta.
Linguagem: macro
Língua: micro

FALA x ESCRITA.
Fala é mais momentânea, sem muita preocupação formal, carregada de vícios, de sotaques e regionalismos.
Já a escrita é mais pensada, existe uma preocupação formal e ela é padronizada.
A comunicação não é regida por formas fixas e imutáveis. Ela pode transformar-se, através dos tempos.
A comunicação é diferente pois devemos considerar: época, região geográfica, ambiente e status sócio-cultural dos falantes.

A língua falada pode ser:
·         Culta (padrão)
Temos conhecimento de que alguns casos de delinquência juvenil no mundo hodierno decorrem da violência que se projeta, através dos meios de comunicação, com propagandas que enfatizam a guerra, o roubo e a venalidade.
·         Coloquial (familiar, espontânea, com pequenos erros)
__ Cadê o livro que te emprestei? Me devolve em seguida, sim?
·         Vulgar ou inculta (foge do padrão, típica de pessoas sem instrução)
__ Nóis ouvimo falá do pograma de tevelisão.
·         Regional (sotaques; altura, timbre, intensidade; macaxeira, mandioca e aipim, etc.)
A la pucha, tchê! O índio está mais por fora do que cusco em procissão – o negócio hoje é a tal de comunicação, seu guasca!

·         Grupal:
Técnica (juízes, médicos, etc.)
O materialismo dialético regeita o empirismo idealista e considera que as premissas do empirismo materialista são justas no essencial.

·         Gíria (surfistas, skatistas, etc.)
O negócio agora é comunicação, e comunicação o cara aprende como material vivo, descolando um papo legal. Morou?
Obs.: Quando a gíria é grosseira recebe o nome de CALÃO.


A língua escrita pode ser:
a)    Não-literária: referencial, objetiva, realidade, etc.
b)    Literária: subjetiva, emotiva, ficção, sensibilidade, etc.

Discussão de ideias:
“A Língua é o que é, e não o que poderia ou deveria ser: ela é como a fizeram e fazem os que a falam e falam”. Celso Pedro Luft

“É a fala que faz evoluir a Língua”. Ferdinand Saussure

“A Língua é um bem pessoal, na medida em que é um bem coletivo”.
Tatiana Slama-Casacu

Formule uma associação entre as três citações de acordo com os conhecimentos até aqui desenvolvidos, exponha e argumente a respeito de forma clara e concisa.

Concepções da Língua

TEXTO, CONTEXTO, INTERTEXTUALIDADE, AMBIGUIDADE, SITUACIONALIDADE, INTENCIONALIDADE e POLIFONIA.

1.    Língua: Representação do pensamento
Sujeito: dono de suas vontades e ações
Texto: produto lógico do pensamento
Sentido: dado pelo texto (receptor é passivo)

2.    Língua: Estrutura, Código, instrumento de comunicação
Sujeito: assujeitado
Texto: codificado
Sentido: explícito (receptor é passivo)

3.    Língua: Lugar de interação
Sujeito: ativo, reprodutor
Texto: lugar de interação
Sentido: contruído na interação; pressupostos

6. Linguagem verbal e não-verbal

Todos os homens (...) se empenham dentro de certos limites em submeter a exame ou defender uma tese, em apresentar uma defesa ou uma acusação. A maioria das pessoas fazem-no um pouco ao acaso, sem discernimento; as restantes, por força de um hábito proveniente de uma disposição. Como de ambos os modos se alcança o fim almejado, é óbvio que se poderia chegar à mesma meta seguindo um método determinado. 
(Aristóteles) 

7.    Funções da linguagem
a)    Referencial
b)    Metalinguística
c)    Fática
d)    Poética
e)    Emotiva
f)     Apelativa


8.    Considerando o que constitui a língua:
Fonologia: Estuda os menores segmentos que formam a língua, isto é, os fonemas;
Morfologia: Estuda as classes de palavras, suas flexões, estrutura e formação;
Sintaxe: Estuda as funções das palavras nas frases;
Semântica: Estuda os sentidos das frases e das palavras que a integram.

9.    Variante linguística
“Erro de Português” - Preconceito linguístico
Aluno vem de casa com a oralidade, afetividade e informalidade.
A correção como “ERRO” é preconceituosa. É dizer que tudo o que o aluno aprendeu até agora é errado.
               ·         Variante Padrão e Não-Padrão;
               ·         Nossa língua é basicamente vocálica
               ·         Reprodução do triângulo das vogais

  • Valorizar o uso da Língua em diferentes situações e contextos sociais;
  • Variedades de estilo e modos de falar;
  • Reflexões sobre as diferentes possibilidades de emprego da Língua.
  • Rejeitar a tradição de ensino “transmissiva”: Regras e conceitos prontos; memorização; reprodução mecânica.
Este foi o material da primeira aula. Espero que tenham gostado. Na próxima semana tem mais. Abraço a todos e... "Balance a cabeça, leitor!" Levanta para cuspir que já está babando no travesseiro...

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